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MINHA HISTÓRIA

Me chamo Rafaela Werdan, sou natural do Rio de Janeiro, aquela cidade das manchetes inacreditáveis e dos cartões postais suntuosos. Uma cidade fundada na dor de querer ser à altura de sua beleza e nunca alcançar. A contradição faz parte da essência carioca. A criatividade do refazer-se a todo instante é latente, pela cobrança de superar as sombras dos primeiros prédios construídos no lugar de uma fauna, flora e culturas antigas poderosas.

Toda a dor que o Rio carrega descansa nos bares de esquina, no carnaval, no incrível pôr do sol de Ipanema, na mistura de corpos, cores, credos e sorrisos em qualquer canto que se ande. É uma cidade que não suporta a ideia de ser a melhor do mundo e se autodestrói ao negar a beleza e importância de quem a constrói. 

 

Sou uma carioca nata, com sua família em luta e contradição para existir nesse lugar.

Minha jornada começa quando decido fazer psicologia aos 10 anos de idade, sem saber exatamente o que isso significava, disseram que cuidava da alma das pessoas, achei bom.

Sempre cresci escrevendo longos diários para encontrar a essência das coisas, abandonei as certezas e joguei fora os diários aos 15, quando vieram as intensidades da vida.

 

Sempre fui cheia de sonhos em uma realidade pouco acolhedora, para preservar minha alma me agarrei a poesia, que existe em tudo, das poças formadas após as chuvas torrenciais de verão refletindo o limpo céu azul, ao prato de comida quente posto na mesa depois de uma longa jornada para que chegasse até mim. Os anos foram passando e as intensidades ficaram mais latentes, meu corpo forte pela sensibilidade, crescia. Eu precisava concluir o objetivo de me tornar uma psicóloga e seguir mudando histórias, compartilhando as essências descobertas, a persistência da beleza.

O caminho para conseguir tal proeza era longo, precisei de verba para financiar o meu preparo até a prova, pois na época, ninguém apoiava o que eu queria fazer. Pesquisei qual era o trabalho do momento e o google de muito anos atrás indicou: webdesigner. Não pestanejei em fazer um curso e em seguida abri uma empresa de sites, chamada: Rsites. Não imaginei que fosse dar certo, foi uma empresa ativa por 3 anos, com mais de 40 sites concluídos conseguidos depois de uma longa pesquisa para saber que empresas cariocas ainda não tinham um site e propondo a elas um. Deu certo! Na empresa só tinha eu e meu sonho. O dia da prova chega e do resultado também, depois de 10 anos de jornada, a resposta foi: não consegui a vaga desejada. Isso caiu sobre mim como uma “chuva de março fechando o verão”, mexeu com tudo que eu era até ali. Tive que me reconstruir, na verdade, me conhecer pois durante toda a minha vida eu perseguia um sonho criado na infância sem tentar pensar em outra coisa, sem saber no que eu havia me tornado. Não passar nessa prova foi a melhor coisa da minha vida!

 

Um universo de possibilidades se abre no momento em que abro mão de apenas um caminho a seguir, a arte veio como as árvores que crescem na beira de um rio depois de uma cheia que destrói tudo o que há na superfície, para revelar as raízes fortes, cheias de nutrientes, desesperadas por sol. Meus frutos foram aquarelas, fotografias até chegar nos trabalhos de resina e cerâmica. Na parte da escrita, os diários viraram contos, poesias, artigos e roteiros de histórias elaboradas. Eu jamais seria completa sem tudo isso, descobri que é assim que cuidarei das histórias, da essência das coisas e da beleza. Não existe caminho mais completo do que a arte para isso, é onde você não precisa ser, só sentir.

 

É nesse ponto, do sentir, que se baseia a minha existência, nas escolhas certas e erradas, nas ruas cheias de beleza e instabilidade, no refazer-se pela alma, no ouvir e reproduzir histórias, em amar desmedidamente.

 

Tive a sorte de no início da vida ter encontrado um grande amor, que me fez crescer e cresceu junto comigo, como é de se esperar que o amor viva: crescendo de dentro para o mundo. Nos fazendo crescer no mundo. Crescendo o mundo em nós.

Busquei sentir para além de todas as fronteiras, utilizando diversas ferramentas para isso, mas a maior de todas é a que tenho agora: acabo de me tornar mãe e tô me refazendo, mais uma vez, para receber as novas árvores depois dessa enchente de vida em mim, com seus frutos com cheiro doce, mas incrivelmente desconhecidos. Viver é a arte do sentir e a arte é o sentir materializado para toda a eternidade.

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